"MARIANA nos convida para uma interessante jornada, emprestando-nos “seu olhar” para mostrar,
através da narrativa de seus pensamentos, sentimentos e emoções, tudo que existe além das “DIS-HABILIDADES”.
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quarta-feira, 27 de outubro de 2010

A menina avoada - Manoel de Barros

"Foi na fazenda de meu pai antigamente
Eu teria dois anos; meu irmão, nove.

Meu irmão pregava no caixote
duas rodas de lata de goiabada.
A gente ia viajar.

As rodas ficavam cambaias debaixo do caixote:
Uma olhava para a outra.
Na hora de caminhar
as rodas se abriam para o lado de fora.
De forma que o carro se arrastava no chão.
Eu ia pousada dentro do caixote
com as perninhas encolhidas.
Imitava estar viajando.

Meu irmão puxava o caixote
por uma corda de embira.
Mas o carro era diz-que puxado por dois bois.

Eu comandava os bois:
- Puxa, Maravilha!
- Avança, Redomão!
Meu irmão falava
que eu tomasse cuidado
porque Redomão era coiceiro.

As cigarras derretiam a tarde com seus cantos.
Meu irmão desejava alcançar logo a cidade -
Porque ele tinha uma namorada lá.
A namorada do meu irmão dava febre no corpo dele.
Isso ele contava.

No caminho, antes, a gente precisava
de atravessar um rio inventado.
Na travessia o carro afundou
e os bois morreram afogados.
Eu não morri porque o rio era inventado.

Sempre a gente só chegava no fim do quintal
E meu irmão nunca via a namorada dele -
Que diz-que dava febre em seu corpo."
(Manoel de Barros)

Suely Laitano Nassif e Bianca Giannotti Barros

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Um comentário:

  1. "Acordei com Mariana correndo pela casa...
    Fazendo tanto barulho, correndo pra cima e pra baixo...
    que fui obrigada a acordar, super cedo, devia ser, umas 5 da manhã....
    Madrugada escura e chuvosa!

    Ela estava inquieta e curiosa para ver os livros de contos infantis que me emprestaram.
    A Primeira, Segunda e Terceira Infancia... das Memórias inventadas de Manoel de Barros.

    Eu não gosto assim tanto de ler.
    Posso até esperar, mas Mariana... não consegue se segurar.
    Queria que eu pegasse os livros para que pudesse começar a ler.

    Ela já está enfiada, toda feliz, lendo os livrinhos... que você me emprestou.
    Aquelas 3 caixinhas preciosas!!!
    Elas eram três ou quatro?

    Enquanto ela está entretida, posso escrever para você. Agradeço muito pelo empréstimo"

    Maria Zilda,
    você está sendo mesmo muito especial para as histórias de Mariana.
    Obrigada!

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