"MARIANA nos convida para uma interessante jornada, emprestando-nos “seu olhar” para mostrar,
através da narrativa de seus pensamentos, sentimentos e emoções, tudo que existe além das “DIS-HABILIDADES”.
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segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Brincando de trenzinho no quintal

Inspirado no conto “A Menina Avoada" – Manoel de Barros
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Mariana mudou-se para a casa do jardim, no início do seu sexto ano de vida.
Era uma casinha branca com alpendre.
Ficava lá no alto, com portãozinho de madeira branca e escada reta, para se chegar lá em cima.
No jardim, gramado dos dois lados da escada, depois de certo tempo, resolveram plantar um salgueiro-chorão, bem em frente do alpendre.

O quintal da casa, lugar de mil descobertas, era ladeado por árvores, canteiros de flores e a hortinha que ficava aos pés do pé de mamão. Mariana pensava: o pé de mamão, bem que podia servir de espantalho! Pensava em fazer um desse, mas era uma obra difícil de realizar.
Ficava ali, horas olhando a horta... pensando em como construir um espantalho.

Foi nesse quintal, de mil brincadeiras, que Mariana passou sua infância, na sombra das árvores, colhendo amora pra fazer suco, subindo em árvore, comendo fruta no pé, andando no telhado, pulando o muro.

A casa era rodeada por três universos distintos, de um lado o pomar do vizinho repleto de árvores, sem ninguém morando por lá. Do outro, havia o laguinho de carpas entre pedras e jardim. Ao fundo da casa um “terreno baldio” por onde se podia ganhar a rua do outro lado do quarteirão. Lá havia o bazar dos botões, cianinhas, tecidos e quinquilharias e um pouco mais adiante ficava a vendinha onde se podia comprar doces coloridos e enfeitados, com poucos tostões que, às vezes, Mariana conseguia conquistar.

O cimentado do centro do quintal era o lugar do varal.
Quando não tinha roupa secando se podia brincar de amarelinha e de andar de carrinho.
Havia o triciclo, o rema-rema, o carro vermelho e outro triciclo pequeno. Presentes de muitos Natais, que seus irmãos haviam ganhado.

Naquela época só se ganhava um presente por ano, no dia de Natal.
Um dia Mariana, dando voltas de triciclo no quintal, batendo o rosto nos lençóis pendurados ao vento, teve uma idéia...
Para fugir da reprimenda da mãe que, com certeza, iria brigar por estar andando no meio da roupa a secar, poderia juntar o triciclo ao carrinho vermelho e fazer um trenzinho.
Pensou: Minha mãe vai gostar!
Ela poderia brincar mais tempo com o triciclo, colocando o irmãozinho menor sentado no carro, feito vagão.
De um salto, resolveu construir o trem.
Foi um sucesso!

Por um tempo o trem tinha só um vagão.
Depois pensou, porque não colocar também o rema-rema, e o triciclo pequeno?
Não era mais só ela a puxar, mas todos juntos podiam ajudar o trem a andar.
Mariana, como sempre, com suas idéias, seguiu sua infância criando brincadeiras e historias, juntando imaginação e realidade, foi assim que um dia resolveu construir uma lanterna de vaga-lume...
mas essa é uma outra historia que fica para uma outra vez.

Suely Laitano Nassif

Publicado em segunda-feira, 8 de novembro de 2010
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